Por que a inteligência artificial não pode substituir o psicólogo
- Lucas Bueno
- 18 de mar.
- 2 min de leitura
Na era da informação instantânea, somos constantemente tentados a buscar respostas em fontes digitais. Recentemente, uma reportagem da BBC chamou a atenção ao relatar que, na China, muitos recorrem ao DeepSeek (uma ferramenta semelhante ao ChatGPT) para consultas em saúde mental. Por mais impressionante que essa inovação pareça, o alerta é claro: a psicologia é uma das poucas áreas onde o toque humano é insubstituível.
A reportagem destacou os perigos de se confiar apenas em algoritmos para preencher um vazio existencial. Afinal, o conhecimento por si só (informações nuas e cruas) não basta para atender às necessidades profundas do ser humano. Em um contexto de carência e solidão, conversar com uma máquina pode parecer uma solução fácil, mas essa interação carece da empatia, da sensibilidade e do reflexo que somente o outro ser humano pode oferecer.
O filme Ela, com Joaquin Phoenix, ilustra de maneira impactante esse risco. Nele, um homem solitário se distancia da sociedade e encontra, em uma inteligência artificial, a companhia que preenche o vazio de sua existência. Apesar de toda a facilidade e rapidez na comunicação, essa relação, embora pareça acolhedora, evidencia a ausência do verdadeiro cuidado que a interação humana proporciona.
O que falta é a sinergia que se constrói quando o psicólogo, com seu olhar atento e sua experiência, age como um espelho, refletindo, orientando e, muitas vezes, dando o tempo necessário para que a mudança aconteça.
A terapia vai muito além do acúmulo de informações. É um processo lento e ritualístico de transformação, onde cada sessão oferece a oportunidade para revisitar histórias, confrontar traumas e construir novas narrativas. Essa jornada de autoconhecimento exige um condutor: o psicólogo, que cria um ambiente acolhedor e de confiança, onde o cuidado é compartilhado e a verdadeira transformação se inicia.
Ao buscar respostas rápidas e diagnósticos instantâneos, muitos se perdem na superficialidade da informação. A verdadeira mudança requer que o paciente se permita enfrentar seus medos e fragilidades, com o apoio de alguém que sabe a hora certa de oferecer uma reflexão, um conselho ou um silêncio acolhedor.
Em um mundo que valoriza respostas rápidas, permita-se o privilégio de uma cura que se constrói de forma gradual, com o olhar atento de alguém que compreende a profundidade de suas emoções.